30 de janeiro de 2009

Assim que o mundo cair, você estará do meu lado. Nada como o ar retido nas paredes descascadas pelas mãos aflitas dos contidos. Se alguém um dia me perguntar qual foi a lição aprendida durante o martírio, responderei sem palavras, sem sons e sem divagações. Terminado o lamento, revogado a força interior do seu batimento cardíaco, não pensarei nas entranhas, me concentrarei no coração. Não recordarei os recortes consumidos pelo fogo baixo e lento do fogão. Concentrarei-me na panela e no caldo ralo, borbulhante. Desanimado, forte, impassível, mas desmotivado. As nobres palavras cozidas, moídas e transportadas por guindastes em containeres, empilhados aos montes nos portos seguros e tranqüilos da terra firme. A água ensandecida reverberará no cais o temor e o tremor das idéias, contrastando levemente com a placidez astuta e assustada daquele rapaz. Quando eu cair, o mundo vai estar do meu lado e você me salvará.

2 comentários:

A czarina das quinquilharias disse...

tem algo que não parece em você nesse texto.
mais suave. gosto.

.mãos coloridas disse...

também gosto. dá coisinhas.